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26/08/2020
Projeto usa poder da arte para ajudar estudantes a lidarem com a pandemia

Iniciativa desenvolvida nas escolas do SESI ajuda estudantes a lidarem com um problema que está afetando os jovens: a ansiedade e o isolamento 

O Setembro Amarelo está chegando e, nestes tempos de pandemia, o tema da saúde mental tem estado na ordem do dia. Pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com a Fundação Lemann, Itaú Social e a Imaginable Futures, divulgada no dia 19 de agosto, mostra que o confinamento prolongado vem deixando reflexos no comportamento de estudantes, gerando aumento de problemas emocionais e de saúde mental. 

De acordo com o Datafolha, que ouviu estudantes de escolas públicas de todo o país, a falta de motivação subiu de 46%, em maio, para 51%, em julho, e o percentual de jovens que se sentem tristes passou de 36%, em junho, para 41%, em julho. Os que se sentem tristes, ansiosos ou irritados somam 74%. 

Os dados falam por si, mas o mais importante é estar atento ao problema e buscar soluções para minimizá-lo. Foi o caminho pelo qual o SESI Bahia optou, mesmo antes de ocorrer a pandemia, ao usar a arte e a cultura para mobilizar os estudantes e assim fazer a prevenção das chamadas doenças psicossociais, que vêm crescendo na nossa sociedade. As escolas do SESI Bahia têm inserido o desenvolvimento das habilidades socioemocionais no currículo, como empatia, adaptabilidade, resiliência, solidariedade, entre outras. 

Antes presencial, em tempos de pandemia a solução foi promover atividades em grupos de convivência nos canais internos de interação das escolas e depois compartilhar os resultados em uma página de conteúdos na internet www.sesipipocandoarte.com.br. A página reúne as produções artísticas dos estudantes, ao mesmo tempo em que funciona como espaço para mobilizar a família e a sociedade em torno de conversas sobre bem estar mental e emocional. “Educação integral é isso, é desenvolver currículo em que a formação dos estudantes permeia todas as suas dimensões, cognitiva, emocional e social, e esse projeto tem crescido pelo protagonismo dos próprios estudantes” ressalta Cléssia Lobo, gerente executiva de Educação e Cultura do SESI Bahia.

 

LIVE 

Uma destas iniciativas é a realização de uma live mensal. A do mês de agosto foi realizada no dia 24.08, pelo canal do SESI no YouTube (@sesibahiaoficial) e teve a participação da musicoterapeuta Loide Evangelista Santana, do historiador Virgílio Sena, da psicopedagoga Katia Cilene, que são colaboradores das escolas, demais professores da rede SESI, e participação do produtor artístico e apresentador André Simões, com mediação do artista do Teatro SESI Maurício de Oliveira.  

Na live, eles discutiram o tema Identidade e Autoestima dentro da perspectiva do ambiente da escola enquanto espaço de discussão e vivência destas questões. A live faz parte do projeto de educação do SESI Bahia, Pipocando Arte em Todas as Partes, que reúne os conteúdos produzidos pelos alunos das escolas do SESI de toda Bahia. A ideia é que, a partir da temática proposta, os estudantes produzam performances em vídeo, literatura, teatro, música e outras linguagens. O projeto mobiliza os estudantes e quebra a sensação de isolamento, mostrando como a arte pode contribuir para ajudar a escola a lidar com as questões presentes na sociedade e que têm repercussão no ambiente escolar. 

“Mais do que nunca, a arte é necessária para viver, para ressignificar o mundo, amores e dores, então, ela termina sendo um manifesto do nosso espírito. A gente, canta, dança, interpreta, se emociona com a produção artística dos estudantes”, acrescenta o professor de teatro e criador da proposta artística do Pipocando Arte, Marcelo Santts. 

O estudante Caíque de Jesus Brandão Silva, 16 anos, do 2º ano do ensino médio da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, referenda a visão do professor. “O Pipocando Arte é incrível. Dou graças por ter este projeto na minha vida e fico feliz quando vejo todo mundo comentando que é massa”, conta o estudante que é músico. Para ele, o projeto consegue trazer temas pesados, como depressão, solidão e solitude de uma forma muito leve, através da talkshows, palestras e muito mais. “Nesta época da pandemia tem me ajudado bastante”. Agora totalmente em versão digital, Caíque sente falta de sentir a emoção dos colegas quando se apresenta. “É diferente olhar para a cara das pessoas e ver que elas se emocionaram, do que estar diante de uma tela e não ver a reação, mas a gente está se adaptando”, revela o jovem, sobre a nova experiência.  

 

INTERVALOS CULTURAIS 

Surgida no ano passado, a proposta do Pipocando culminava com a realização de um evento anual no Teatro SESI. Este ano, o projeto migrou para o meio digital e tem dado bons resultados, integrando toda a rede, como atesta o professor Marcelo Santts. “Antes de os conteúdos serem inseridos na plataforma digital, são realizados os Intervalos Culturais online, dentro da comunidade escolar. Tenho me emocionado muito com as apresentações dos estudantes”, revela. O formato também mudou e os “eventos” para o público passaram a ser mensais, no endereço do SESI Pipocando Arte. 

Além de Marcelo Santts, responsável por estruturar a proposta – com o apoio das equipes do SESI Cultura, que envolve os profissionais do Teatro SESI –, o Pipocando Arte é desenvolvido com os professores das áreas de artes e outras disciplinas, além de psicopedagogos, que estão em contato com os alunos no dia a dia da escola. Trata-se de um projeto multidisciplinar e transversal. Tudo isso, sem perder o objetivo de ser um instrumento para trabalhar temas psicossociais com os estudantes.  

A cada mês, a partir do tema central, as escolas envolvem os estudantes nos subtemas a serem trabalhados. Em julho, o tema principal foi Solidão e Solitude e este mês a escolha foi Identidade e Autoestima. Até o final do ano, novas temáticas serão discutidas. 

“ Eu não tenho dúvida que foi uma aposta acertada fomentar a arte na formação desses adolescentes e jovens, além de contribuir para a motivação deles na aprendizagem como um todo” enfatiza Armando Neto, superintendente do SESI Bahia.